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suas regras para aprendizes e jornaleiros, e de restrições dos regulamentos de
trabalho. Esses novos libertos só se tornaram vendedores do próprio trabalho
quando se viram destituídos de seus meios de produção e de todas as
garantias de vida proporcionadas pela velha organização feudal. E a história
disso, de sua expropriação, é escrita nos anais da humanidade em letras de
sangue e fogo.
Foi na Inglaterra que o capitalismo em grande escala se desenvolveu a
princípio, e por isso suas origens ali são mais evidentes. Vimos nos capítulos
anteriores como o fechamento de terras e a elevação dos arrendamentos, no
século XVI, expulsaram muitos camponeses de suas plantações para as
estradas, onde se tornaram mendigos, vagabundos, ladrões. Assim criou-se
cedo uma classe trabalhadora livre e sem propriedades.
O fechamento de terras ocorreu novamente no século XVIII e em princípios
do século XIX. Foi então muito mais amplo, e dessa forma o exército de
infelizes sem terra, que tinham de vender sua força de trabalho em troca de
salário, aumentou tremendamente. Enquanto os fechamentos do século XVI
encontraram muita resistência, não só dos prejudicados, mas também do
governo, receoso de violência da parte das massas levadas à fome, os
fechamentos do século XVIII foram realizados com a proteção da lei. "Leis
de Fechamento" baixadas por um governo de latifundiários e para os
latifundiários eram a ordem do dia. O trabalhador com terra tornou-se o
trabalhador sem terra pronto, portanto, a ir para a indústria como assalariado.
Embora o movimento de fechamento seja mais típico na Inglaterra, ocorreu
em proporções menores também no continente europeu. Prova disso é a
queixa seguinte dos camponeses de Cheffes, na França, feita aos seus
deputados nos Estados-Gerais em 1790: Os camponeses de Cheffes, em
Anjou, tomam a liberdade de vos apresentar seus desejos, necessidades e
reclamações em relação às terras comuns de sua região, de que certos
indivíduos, ricos e poderosos, ou ambiciosos, se apropriaram injustamente.
A comunidade dessa aldeia foi delas privada pelo julgamento do Conselho,
que se manifestou a favor dos senhores de Cheffes. Os camponeses só têm as
ditas terras para o pastoreio do gado, e, delas privados presentemente, não
tem recursos, ficando reduzidos à extrema pobreza. Um novo sistema criado
pelos economistas procura fazer crer ao povo que as terras comuns não são
boas para a agricultura; senhores poderosos, homens com dinheiro, se
enriqueceram com os espólios das regiões invadindo suas terras comuns
Nada é mais precioso a certas aldeias do que as terras de pasto; sem elas, os
agricultores não podem ter gado, sem gado não podem arar, e como poderão
esperar boa colheita sem arar?
A perda dos direitos comuns, de que se queixam esses camponeses franceses
também atingiu duramente os ingleses. Para uma boa plantação é necessário
prover a manutenção de animais. Quando os camponeses perderam o direito
à terras comuns, isso para eles foi um desastre. Naturalmente sentiram-se
irritados contra os senhores que lhes roubavam esse direito, e contra o
governo que impunha medidas para expulsá-los da terra. Seu ressentimento
se evidencia nessa canção, popular na época:
As leis prendem o ladrão
Que rouba um ganso aos comuns.
Mas deixam solto o outro
Que rouba a terra do ganso.
Não se pense que os donos de terra estavam expulsando os camponeses para
proporcionar uma força de trabalho à indústria. Isso jamais lhes ocorreu.
Estavam interessados apenas em arrancar maiores lucros da terra. Se
pudessem ganhar mais dinheiro não fechando as propriedades, não teriam
fechado. Ocorria, porém, o contrário. Arthur Young, em sua viagem por
Shropshire em 1776, assinala isso: As rendas, com o fechamento, geralmente
se duplicam.
A cinco quilômetros de Daventry, perto de Bramston, foi feito um
fechamento que tem apenas um ano. O campo aberto dava 6 a 19 xelins o
acre; agora, a renda é (por arrendamento) de 20 a 30 xelins.
Talvez o mais impressionante exemplo de expulsão dos desgraçados
trabalhadores da terra que se conheça seja o da Duquesa de Sutherland, na
Escócia. Marx nos conta sua história:
"Quando não há mais camponeses independentes para expulsar, começa a
"limpeza" das casas; assim, os trabalhadores agrícolas não encontram no solo
por eles cultivado nem o lugar necessário à sua própria casa Como
exemplo do método, no século XIX, a "limpeza"'- feita pela Duquesa de
Sutherland nos basta. Essa pessoa, conhecendo economia, resolveu
transformar todo o campo, cuja população já fora, por processos
semelhantes, reduzida a 15.000 habitantes, numa pastagem de ovelhas. De
1814 a 1820 esses 15.000 habitantes, cerca de 3.000 famílias, foram
sistematicamente caçados e expulsos. Todas as suas aldeias foram destruídas
e incendiadas, e seus campos transformados em pastagens. Soldados
britânicos impuseram essa expulsão, e entraram em choque com os
habitantes. Uma velha, que se recusara a abandonar sua cabana, foi
queimada. Dessa maneira, a Duquesa se apropriou de 794.000 acres de terra
que, desde épocas imemoriais, pertenciam ao clã."
Do século XVI até princípios do século XIX, na Inglaterra, o processo de
privar o camponês da terra teve continuação. Na França, cresceu a classe do
pequeno camponês proprietário, mas na Inglaterra, onde o. capitalismo
industrial se desenvolveu mais rapidamente do que em qualquer outro lugar,
o pequeno proprietário desapareceu quase totalmente. O Dr. R. Price, autor
inglês do século XVIII, conta-nos o que lhe ocorreu: "Quando essa terra cai
nas mãos de uns poucos grandes fazendeiros, a conseqüência é que os
pequenos fazendeiros são transformados num grupo de homens que ganham
o sustento trabalhando para outros. Cidades e indústrias aumentam, porque
mais pessoas irão à procura delas, em busca de lugares e emprego. No todo,
as circunstâncias das classes mais baixas são modificadas, para pior, sob
quase todos os aspectos.. De pequenos ocupantes da terra são reduzidos à
condição de trabalhadores diaristas e assalariados."
É uma descrição exata da situação. Expulsas da terra, "as classes mais
baixas" tiveram de se tornar assalariadas. O fechamento foi, portanto, uma
das principais formas de obter o necessário suprimento de mão-de-obra para
a indústria.
Houve outros meios. Um deles não foi tão espetacular nem tão evidente, mas
atingiu muito maior número de pessoas. Foi o próprio sistema fabril, que
finalmente divorciou o trabalhador dos meios de produção na indústria, tal
como já o divorciara da terra.
Nos anais da Câmara dos Comuns, relativos ao ano de 1806, o relatório da
comissão nomeada para "examinar o estado da manufatura da lã na
Inglaterra" afirma que "há algumas fábricas na vizinhança Essas vêm sendo
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